Índice
1. Adaptabilidade e flexibilidade do edifício hospitalar
2. Sistemas de tubagem para instalações de águas em edifícios hospitalares
1. Adaptabilidade e flexibilidade do edifício hospitalar
Desde os tempos em que o ser humano se sedentarizou e desenvolveu a sua existência nos conjuntos comunitários, formando-se posteriormente as cidades, que tem tido a necessidade de adaptar e reconfigurar o espaço que o rodeia. Desde o espaço geográfico aos próprios edifícios construídos, que vão tendo novas valências e novas tipologias, a mudança tem tido um papel chave no desenvolvimento da nossa sociedade. A maior parte dos edifícios antigos tem hoje uma utilização distinta daquela para que foi projectado. Nos 100 anos entre 1850 e 1950 desenvolveram-se mais avanços tecnológicos que nos 2000 anos anteriores. Entre 1950 e 2000 houve mais inovação que nos 100 anos anteriores, e o ritmo da mudança é crescente. É um dado adquirido que nenhuma indústria pode prosperar se não acompanhar a mudança. No entanto, os métodos e materiais de construção tradicionais, ainda largamente utilizados na construção dos edifícios actuais, têm tido dificuldade em acompanhar esta mudança. Inerentemente complicam e dificultam a mudança. Deveríamos estar a construir edifícios que acomodassem ao invés de dificultarem esta necessidade natural.
O conceito “Open Building” surge como uma abordagem ao projecto e construção de edifícios que permite aumentar a eficiência do processo construtivo, ao mesmo tempo que aumenta a variedade, flexibilidade e qualidade do edifício. Um edifício pode ser visto como uma combinação organizada de sistemas e sub sistemas: o local; a estrutura; as paredes interiores; as canalizações de águas e esgotos; as instalações eléctricas e mecânicas; o mobiliário, etc., independentes mas interdependentes. Na perspectiva do “Open Building”, ao separar os sistemas e sub sistemas uns dos outros, mais facilmente se pode melhorar a organização do edifício, maior controlo pode haver na sua adaptabilidade e mais flexibilidade na sua utilização.
Esta é uma abordagem que já há algum tempo tem sido seguida no caso de edifícios de escritórios, centros comerciais e até edifícios de habitação. Na situação particular dos edifícios hospitalares o problema põe-se com especial importância: não é raro decorrerem vários anos entre o planeamento de um hospital e a sua construção; entre o estabelecimento do seu programa funcional e a data de início de obras; entre o seu projecto e a sua inauguração. À velocidade a que surgem novos equipamentos, novas técnicas, novas terapêuticas, por mais avançado que seja, por mais bem equipado que se pretenda: à data de inauguração, o hospital está obsoleto!
Tendo em conta a relevância do conceito e a necessidade de debate das diversas abordagens e sua divulgação, a DGIES organizou o seminário “Change-ready Hospitals, flexibilidade e adaptabilidade do edifício hospitalar – Experiências internacionais” que decorreu no passado dia 15 de Dezembro de 2006.
Este evento, em que estiveram presentes mais de noventa especialistas, contou com a participação de prelectores com pontos de vista e experiências distintos sobre a questão em causa: (i) a perspectiva do professor Stephen Kendall (Professor da Ball State University, Indiana, Estados Unidos da América e co-coordenador da Comissão W 106 da International Commision on Research and Innovation in Building and Construction) representou o ponto de vista académico, (ii) o arquitecto Marcel Herzog (do Office for Property and Buildings of the Canton of Bern e gestor do projecto INO – Insel Hospital, Berna, Suíça) defendeu a entidade central, decisora e proprietária do edifício, e (iii) o arquitecto David Hanitchack (Director de planeamento e construção do “Massachusetts General Hospital” em Bóston, E.U.A.) representou a entidade gestora do edifício ou parque de edifícios.
As apresentações de cada um dos especialistas e o relatório “Open Building: A New Paradigm for Health Care Architecture (THE INO HOSPITAL - Bern, Switzerland)” encontram-se disponíveis abaixo, para consulta e/ou download.
Links Relacionados:
www.open-building.org
www.habraken.com
www.bsu.edu
2. Sistemas de tubagem para instalações de águas em edifícios hospitalares
A utilização de aço inoxidável, nas tubagens das instalações de águas em edifícios hospitalares, generalizou-se a partir da década de 90 face às limitações das tubagens tradicionais de ferro galvanizado à aplicação de temperaturas superiores a 70º, como forma de neutralização de focos de legionella pneumophyl. Assim, nos novos hospitais construídos a partir da década de 90 até à actualidade, tornou-se regra a adopção de aço inoxidável. No entanto, e contrariamente ao que seria expectável, continuaram a ser registados fenómenos de corrosão em tubagens de instalações de águas de diversas unidades hospitalares, com especial predominância nas zonas centro e sul do país, nomeadamente nos hospitais do Barlavento Algarvio, Beja, Tomar e Torres Novas.
A ocorrência destes fenómenos levou a que a Direcção-Geral das Instalações e Equipamentos da Saúde (DGIES) tenha promovido a elaboração de estudos para a determinação das causas desses fenómenos e para a investigação de soluções que evitem o aparecimento destas deficiências. Através da ex-Direcção Regional das Instalações e Equipamentos da Saúde do Alentejo e Algarve procedeu-se à encomenda, junto do Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI), de um estudo dos fenómenos de corrosão ocorridos nos hospitais de Beja e do Barlavento Algarvio.
Os estudos apontaram para diversas causas responsáveis pelas falhas por corrosão. Entre elas destacam-se a má qualidade ou elevada concentração de cloretos na água, a existência de diferentes materiais nos circuitos ou ainda a verificação de deficiências nas uniões e soldaduras das redes. Foi em simultâneo proposto um conjunto de recomendações com o intuito de minimizar o aparecimento dos fenómenos de corrosão. Em consequência destes estudos foi elaborado, por um grupo de trabalho envolvendo a DGIES e a Direcção-Geral da Saúde (DGS), um documento designado “Condições Técnicas para tubagem de aço inoxidável em instalações de águas de edifícios hospitalares”, contendo orientações e recomendações para a instalação e monitorização das tubagens. Este documento foi, em Julho de 2006, revisto e adaptado a um novo formato de publicação técnica: Especificação Técnica (ET 01/2006 - Especificações técnicas para tubagens de aço inoxidável em instalações de águas de edifícios hospitalares), integralmente disponível para consulta e download aqui.
Na sequência dos estudos sobre a utilização de aço inoxidável em tubagem de instalações de águas, a DGIES procedeu à encomenda, ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), de um estudo de soluções alternativas para os materiais a aplicar em tubagens destinadas a: (i) água fria e quente para consumo humano; (ii) água fria para combate a incêndios; (iii) água desmineralizada para hemodiálise; (iv) água descalcificada para lavandaria e central térmica. O trabalho desenvolvido, sob a coordenação da Eng.ª Adélia Rocha e em co-autoria com os Eng.os Manuela Salta, Paula Vieira, C. A. Pina dos Santos e Vítor Pedroso, deu origem a um documento de carácter pragmático com a identificação e caracterização dos materiais constituintes dos sistemas de tubagem disponíveis, alternativos ao aço inoxidável, contendo orientações e recomendações relativas a instalação, comportamento ao fogo, manutenção e monitorização da qualidade da água e do desempenho dos sistemas de tubagem. O conteúdo sistematizado deste estudo foi publicado pela DGIES na ET 04/2007 - Especificações técnicas para tubagem em materiais alternativos ao aço inoxidável em instalações de águas em edifícios hospitalares, integralmente disponível para consulta e download aqui.
Face à relativa complexidade técnica das soluções propostas nos estudos citados, a DGIES procedeu à organização de um seminário para a apresentação das soluções e recomendações para o combate do problema de corrosão em sistemas de tubagem de águas. O seminário “Sistemas de tubagem para instalações de águas em edifícios hospitalares” decorreu no Auditório da Ordem dos Engenheiros em Lisboa, no passado dia 29 de Março, e contou com a intervenção dos seguintes investigadores do LNEC: Eng.os Adélia Rocha, Manuela Salta, Paula Vieira, C. A. Pina dos Santos e Vítor Pedroso.
O material de apoio utilizado nas apresentações, gentilmente cedido pelos oradores, encontra-se disponível, na lista abaixo, para consulta.